quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Seria Ronaldo Cunha Lima um igual?


Depois de 14 anos, Cunha Lima se descobre "um igual"

Existe maior libelo contra o direito a foro previlegiado do que o comportamento do ex-governador da Paraíba e até hoje deputado federal pelo PSDB Ronaldo Cunha Lima?
No dia 5 de novembro de 1993, o ex-governador da Paraíba Tarcísio Burity almoçava com amigos no restaurante Gulliver, em João Pessoa, quando ali chegou seu sucessor, Ronaldo.
De imediato, Ronaldo sacou um revólver e disparou três tiros contra Burity. Preso, mais tarde, pela Polícia Federal, alegou que não aceitava as duras críticas e acusações de corrupção que Burity fizera contra seu filho Cássio Cunha Lima, na época superintendente da Sudene. Burity ficou vários dias em coma, mas conseguiu sobreviver.
Cássio, atual governador da Paraíba, foi cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral por abuso de poder econômico na eleição do ano passado. Continua no cargo porque recorreu ao TSE.
Como governador e depois deputado, Ronaldo se valeu de todos os expedientes possíveis para retardar seu julgamento pelo Supremo Tribunal Federal. E agora que seria julgado, renunciou ao mandato. Com isso, o processo contra ele recomeçará na Justiça comum.
O que disse Ronaldo na carta de renúncia?
- Em caráter irrevogável e irretratável, renuncio ao mandato de deputado federal, representando o povo da Paraíba, a fim de possibilitar que esse povo me julgue, sem prerrogativa de foro como um igual que sempre fui.
Cinismo puro!
Por que só agora ele quer ser julgado pelo povo paraibano, "sem prerrogativa de foro como um igual que sempre fui?" Por que não abriu mão antes do foro privilegiado?
Antes não se sentia um "igual" ao povo?
Começou a se sentir "um igual" desde quando?
Em que dia exatamente ele acordou e pensou assim: "Sou um igual ao povo. Logo, mereço ser julgado como qualquer um do povo".
Trapaça! Deboche! Ou "escárnio", como prefere o ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal, ex-relator, ali, do processo contra Ronaldo.
Na Justiça comum, o processo se arrastará por mais longos anos. Ronaldo tem 71 anos de idade. E sérios problemas de saúde. Não é improvável que morra antes de ser julgado.
Quem neste país tendo dinheiro, bons advogados e algum poder político vai para a cadeia?


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