segunda-feira, 21 de abril de 2008

Moisés Existiu?


A saga de Moisés, o profeta que teria arrancado seu povo da escravidão no Egito e fundado a nação de Israel, tem bases muito tênues na realidade, segundo as pesquisas arqueológicas mais recentes. É praticamente certo que, em sua maioria, os israelitas tenham se originado dentro da própria Palestina, e não fugido do Egito. O próprio Moisés tem chances de ser um personagem fictício, ou tão alterado pelas lendas que se acumularam ao redor de seu nome que hoje é quase impossível saber qual foi seu papel histórico original.
É verdade que as opiniões dos pesquisadores divergem sobre os detalhes específicos do Êxodo (o livro bíblico que relata a libertação dos israelitas do Egito) que podem ter tido uma origem em acontecimentos reais. Para quase todos, no entanto, a narrativa bíblica, mesmo quando reflete fatos históricos, exagera um bocado, apresentando um cenário grandioso para ressaltar seus objetivos teológicos e políticos.
Airton José da Silva, professor de Antigo Testamento do Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto (SP), resume a situação: "O Moisés da Bíblia é claramente 'construído'. Pode até ter existido um Moisés lá no passado que inspirou o dos textos, mas nada sabemos dele com segurança. Nas minhas aulas de história de Israel, começo com geografia e passo para as origens de Israel em Canaã [antigo nome da Palestina], não trato mais de patriarcas e nem do Êxodo". Os pesquisadores dispõem há muitos anos do que parece ser a data-limite para o fim do Êxodo. Trata-se de uma estela (uma espécie de coluna de pedra) erigida pelo faraó Merneptah pouco antes do ano 1200 a.C. A chamada estela de Merneptah registra uma série de supostas vitórias do soberano egípcio sobre territórios vizinhos, entre eles os de Canaã. E o povo de Moisés é mencionado laconicamente: "Israel está destruído, sua semente não existe mais". Não se diz quem liderava Israel nem que regiões eram abrangidas por seu território. Trata-se da mais antiga menção aos ancestrais dos judeus fora da Bíblia.
Se a saída dos israelitas do Egito ocorreu, ela precisaria ter acontecido antes disso. A Bíblia relata que, cerca de 400 anos antes de Moisés, os ancestrais do povo de Israel, liderados pelo patriarca Jacó, deixaram seu lar na Palestina e se estabeleceram no norte do Egito, junto à parte leste da foz do rio Nilo. Os egípcios teriam permitido esse assentamento porque, na época, o mais importante funcionário do faraó era José, filho de Jacó. Décadas mais tarde, um novo faraó teria ficado insatisfeito com o crescimento populacional dos descendentes do patriarca e os transformado em escravos.
Por algum tempo, arqueólogos e historiadores acharam que haviam identificado evidências em favor dos elementos básicos dessa trama. É que, por volta do ano 1700 a.C., a região da foz do Nilo foi dominada pelos chamados hicsos, uma dinastia de soberanos originários de Canaã e de etnia semita, tal como os israelitas. (O nome "Jacó", muito comum na época, está até registrado entre nobres hicsos.)
Pouco mais de um século mais tarde, os egípcios expulsaram a dinastia estrangeira de suas terras. Isso mataria dois coelhos com uma cajadada só. Explicaria a ascensão meteórica de José na burocracia egípcia, graças à proximidade étnica com os hicsos, e também por que seus descendentes foram escravizados -- eles teriam sido associados à ocupação estrangeira no Egito.
O problema com a idéia, no entanto, é que não há nenhuma menção aos israelitas ou a José e sua família em documentos egípcios ou de outros reinos do Oriente Médio nessa época. Pior ainda, até hoje não foi encontrado nenhum sítio arqueológico no Sinai que pudesse ser associado aos 40 anos que os israelitas teriam passado no deserto depois de deixar o Egito.
Os textos egípcios também não falam em nenhum momento da fuga liderada por Moisés, se é que ela ocorreu. "Isso é um problema grave. O argumento de que os egípcios não registravam derrotas é falso: a saída de um pequeno grupo nem era um revés, e eles relatavam derrotas sim, mesmo quando diziam que tinha sido um empate", afirma Airton José da Silva.
Para Milton Schwantes, professor da Faculdade de Filosofia e Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo, outro problema com a ligação entre os israelitas e os hicsos é dar ao Êxodo uma dimensão muito mais grandiosa do que seria razoável esperar do evento. "É uma cena de pequeno porte -- estamos falando de grupos minoritários, de 150 pessoas fugindo pelo deserto. Em vez do exército egípcio inteiro perseguindo essa meia dúzia de pobres e sendo engolido pelo mar, o que houve foram uns três cavalos afundando na lama", brinca Schwantes. Ele é menos pessimista em relação aos possíveis elementos de verdade histórica na narrativa do Êxodo. Os israelitas são freqüentemente chamados de "hebreus" nesse livro da Bíblia, uma mistura de nomenclaturas que deixou os estudiosos com a pulga atrás da orelha. Documentos do Oriente Médio datados (grosso modo) entre 2000 a.C. e 1200 a.C., porém, falam dos habiru ou apiru -- grupos que parecem ter vivido às margens da sociedade, atuando como trabalhadores migrantes, escravos, mercenários ou guerrilheiros.
"Ou seja, os hebreus talvez não fossem um grupo étnico, mas uma categoria social, de pessoas que muitas vezes eram forçadas a participar de grandes construções no Egito, sem receber o necessário para o seu sustento", afirma Schwantes. Ele também vê sinais de memórias históricas antigas nos nomes de algumas cidades egípcias mencionadas na narrativa do Êxodo -- lugares que foram ocupados por um período relativamente curto de tempo, por volta de 1200 a.C.
"O próprio nome de Moisés é um nome egípcio que os israelitas não entenderam", diz Schwantes. Parece ser a terminação "-mses" presente em nomes de faraós como Ramsés e quer dizer "nascido de" algum deus -- no caso de Ramsés, "nascido do deus Rá". No caso do líder dos israelitas, falta a parte do nome referente ao deus.
O momento mais famoso da saída dos israelitas do Egito é o confronto entre Moisés e o exército egípcio no Mar Vermelho, quando, por ordem de Deus, o profeta abre as águas para que seu povo passar e as fecha para engolir os homens do faraó. No entanto, é possível que a história original tenha se referido não a águas oceânicas, mas a um pântano.
Explica-se: o sentido original do hebraico Yam Suph, normalmente traduzido como "Mar Vermelho", parece ser "Mar de Caniços", ou seja, uma área cheia dessas plantas típicas de regiões lacustres. Assim, nas versões originais da lenda, afirmam estudiosos do texto bíblico, os "carros e cavaleiros" do Egito teriam ficado presos na lama de um grande pântano, enquanto os fugitivos conseguiam escapar. Conforme a tradição oral sobre o evento se expandia, os acontecimentos milagrosos envolvendo a abertura de um mar de verdade foram sendo adicionados à história.O dado mais importante sobre a dimensão real do Êxodo, no entanto, talvez venha da Palestina. Israel Finkelstein, arqueólogo da Universidade de Tel-Aviv, em Israel, conta que uma série de novos assentamentos associados às antigas cidades israelitas aparecem na Palestina por volta da mesma época em que a estela de Merneptah foi erigida. Acontece que a cultura material -- o tipo de construções, utensílios de cerâmica etc. -- desses "israelitas" é idêntica à que já existia em Canaã antes de esses assentamentos surgirem. Tudo indica, portanto, que eles seriam colonos nativos da região, e não vindos de fora.
Para Finkelstein, isso significa que a história do Êxodo foi redigida bem mais tarde, por volta do século 7 a.C. O confronto com o Egito teria sido usado como forma de marcar a independência dos israelitas em relação aos vizinhos, que estavam tentando restabelecer seu domínio na Palestina. A figura de Moisés, talvez um herói quase mítico já nessa época, teria sido incorporada a essa versão da origem da nação.

FONTE:http://g1.globo.com/Noticias/0,,MUL418821-9982,00-MOISES+PODE+NAO+TER+EXISTIDO+SUGERE+PESQUISA+ARQUEOLOGICA.html

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Seria Ronaldo Cunha Lima um igual?


Depois de 14 anos, Cunha Lima se descobre "um igual"

Existe maior libelo contra o direito a foro previlegiado do que o comportamento do ex-governador da Paraíba e até hoje deputado federal pelo PSDB Ronaldo Cunha Lima?
No dia 5 de novembro de 1993, o ex-governador da Paraíba Tarcísio Burity almoçava com amigos no restaurante Gulliver, em João Pessoa, quando ali chegou seu sucessor, Ronaldo.
De imediato, Ronaldo sacou um revólver e disparou três tiros contra Burity. Preso, mais tarde, pela Polícia Federal, alegou que não aceitava as duras críticas e acusações de corrupção que Burity fizera contra seu filho Cássio Cunha Lima, na época superintendente da Sudene. Burity ficou vários dias em coma, mas conseguiu sobreviver.
Cássio, atual governador da Paraíba, foi cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral por abuso de poder econômico na eleição do ano passado. Continua no cargo porque recorreu ao TSE.
Como governador e depois deputado, Ronaldo se valeu de todos os expedientes possíveis para retardar seu julgamento pelo Supremo Tribunal Federal. E agora que seria julgado, renunciou ao mandato. Com isso, o processo contra ele recomeçará na Justiça comum.
O que disse Ronaldo na carta de renúncia?
- Em caráter irrevogável e irretratável, renuncio ao mandato de deputado federal, representando o povo da Paraíba, a fim de possibilitar que esse povo me julgue, sem prerrogativa de foro como um igual que sempre fui.
Cinismo puro!
Por que só agora ele quer ser julgado pelo povo paraibano, "sem prerrogativa de foro como um igual que sempre fui?" Por que não abriu mão antes do foro privilegiado?
Antes não se sentia um "igual" ao povo?
Começou a se sentir "um igual" desde quando?
Em que dia exatamente ele acordou e pensou assim: "Sou um igual ao povo. Logo, mereço ser julgado como qualquer um do povo".
Trapaça! Deboche! Ou "escárnio", como prefere o ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal, ex-relator, ali, do processo contra Ronaldo.
Na Justiça comum, o processo se arrastará por mais longos anos. Ronaldo tem 71 anos de idade. E sérios problemas de saúde. Não é improvável que morra antes de ser julgado.
Quem neste país tendo dinheiro, bons advogados e algum poder político vai para a cadeia?


SEM COMENTÁRIOS...
http://oglobo.globo.com/pais/noblat/

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Estamos no Brasil... e não na Inglaterra...



Políticos já proibiram biquíni e traje caipira

No dia 1º, governador do Distrito Federal 'demitiu' gerúndio dos órgãos públicos.
Em março, decreto do prefeito de São Paulo proibia grito em feira.
O decreto do governador José Roberto Arruda (DEM), que “demitiu" no último dia 1º de outubro o gerúndio de todos os órgãos do Distrito Federal, entra para uma galeria de decisões inusitadas, que inclui desde prefeitos até presidentes.
"Fica demitido o gerúndio de todos os órgãos do Governo do Distrito Federal. Fica proibido a partir desta data o uso do gerúndio para desculpa de ineficiência", diz o texto do decreto publicado no "Diário Oficial", do Governo do Distrito Federal.
O ex-presidente da República Jânio Quadros não ficou sete meses no poder (renunciou ao mandato), mas, durante o curto período em que governou o país, em 1961, ele chegou a proibir o uso de biquínis nas praias e até maiôs em concursos de beleza.
Antes, em 1957, quando era governador de São Paulo, Jânio já havia provocado polêmica com outra medida. Em fevereiro daquele ano, proibiu a execução de rock nos bailes no Estado de São Paulo.
Mas decisões desse tipo não são exclusivas dos políticos brasileiros. Em 2006, por exemplo, o prefeito de Paris, Bertrand Delanoë, publicou decreto proibindo os "trajes indecentes" nas "praias" às margens do rio Sena.

Traje caipira

Em 2005, a Prefeitura de São João da Boa Vista, no interior de São Paulo, proibiu por decreto, em um concurso de quadrilhas, trajes típicos de caipira, como trancinhas, remendos e chapéus de palha desfiados.
Na época, a Secretaria Municipal de Educação argumentou que o objetivo era mudar a imagem do caipira e evitar os "estereótipos" e "preconceitos", atribuídos a personagens como o Jeca Tatu, de Monteiro Lobato, imortalizado no cinema por Mazzaropi.


Grito em feira

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), publicou decreto em março deste ano pelo qual chegou a proibir os gritos nas feiras-livres da cidade.Depois, Kassab voltou atrás e disse que o erro de interpretação foi ocasionado por causa de uma vírgula mal colocada. “Minha assessoria identificou uma vírgula, uma expressão mal colocada. Pedi que reformulasse”, afirmou na época. “Sou contra essa proibição (...) O grito está liberado, confiando no bom senso dos feirantes em respeitar as pessoas que moram ao redor das feiras.”

Padre só de batina

Em 2005, o prefeito de Aparecida (SP), José Luiz Rodrigues, conhecido na cidade como “Zé Louquinho”, lançou um decreto com o objetivo de obrigar os padres a usar batina sempre que saírem às ruas.
Na ocasião, o prefeito justificou dizendo que os romeiros gostam de ter um contato direto com os sacerdotes e, sem as vestimentas tradicionais, eles não podem ser identificados fora da igreja.
No final do ano passado, Rodrigues tinha enviado à Câmara dos Vereadores um projeto de lei que proibia "enchentes e outras ocorrências climáticas na cidade". Depois, ele reconheceu que o projeto era um absurdo. “Eu também acho que é absurdo, mas eu fui provocado”, disse.
O primeiro artigo dizia: "fica terminantemente proibida a ocorrência de enchentes nos bairros da cidade provocadas em razão de chuvas fortes, chuvas de granizo, tempestades com raios, vendavais e cheias no Rio Paraíba do Sul e seus afluentes no município".

Sem manifestação

Em agosto de 2003, o então prefeito de São Gabriel, Rossano Dotto Gonçalves, assinou decreto proibindo qualquer tipo de ato público na cidade. Objetivo da medida era tentar impedir uma manifestação organizada pela CUT em favor da reforma agrária.

Homossexuais

Em 2003, decreto do então prefeito de Bocaiúva do Sul (PR), Elcio Berti, proibia homossexuais de residirem na cidade. Fica vedada a concessão de moradia e a permanência fixa de qualquer elemento ligado a esta classe”, dizia o decreto.


http://g1.globo.com/Noticias/Politica/0,,MUL145542-5601,00-POLITICOS+JA+PROIBIRAM+BIQUINI+E+TRAJE+CAIPIRA.html


Costumo usar essa frase (título) em sala de aula, sempre me referindo as idéias e projetos brilhantes de nosso legislativo. Pensava já ter visto coisas bizarras, mas como estas ninguém merece...
Queria que nossos legisladores criassesm leis que coibissem a morosidade, a falta de ética, moral e ineficiência da máquina pública.
Talvez não aconteça na minha geração mas as utópias estão aí para desejarmos.

Abraços.

sábado, 6 de outubro de 2007

ACONTECEU NA PARAÍBA!


Pais de alunos que abandonam escola vão ser processados na PB

Objetivo da ação é combater a evasão escolar do município de Sapé.
Crianças terão de voltar à sala de aula, afirma promotora.

O Ministério Público Estadual da Paraíba resolveu processar os pais de alunos que não freqüentam a escola na cidade de Sapé (a 50 km de João Pessoa). A ação foi movida contra os responsáveis por estudantes de 7 a 14 anos que estão matriculados na rede de ensino público, mas abandonaram as aulas. De acordo com a promotora da Infância e Juventude da Comarca de Sapé, Fabiana Lobo, a medida tem o objetivo de combater a evasão escolar.
“Fizemos uma campanha educativa e preventiva esclarecendo que é crime de abandono intelectual deixar os filhos em idade de instrução fora das salas de aulas”, disse a promotora. Segundo Fabiana, o artigo está previsto no Código Penal.
A promotora explicou que foi feito um levantamento nas escolas municipais e estaduais de Sapé e verificou-se que os pais matriculam os filhos, mas que as crianças não freqüentam as aulas e acabam reprovadas por falta. Foram identificados mais de cem estudantes cujos pais estão sendo processados.
A Promotoria da Infância e Juventude e o Juizado Especial Criminal selaram uma parceria para levar o processo adiante: o Juizado fará as audiências nas escolas e a primeira será realizada nesta quinta-feira (4).
Deacordo com a promotora, a lei prevê até um mês de detenção. "Os pais podem fazer um acordo do Ministério Público, chamado de transação. Também pode ser aplicada uma medida de prestação de serviço à comunidade, mas todos vão sair com a obrigação de que o filho retorne à sala da saula", afirma Fabiana.

Fico muito feliz com este tipo de iniciativa, espero que ela sirva de espelho para outras. Mas o que me preocupa é a velocidade dessas mudanças, que geralmente é acompanhada de grande morosidade.
Parabéns PB, principalmente ao Ministério Público de Sapé, mesmo sabendo que é uma obrigação do orgão...

PS:http://g1.globo.com/Noticias/Vestibular/0,,MUL139899-5604,00-PAIS+DE+ALUNOS+QUE+ABANDONAM+ESCOLA+VAO+SER+PROCESSADOS+NA+PB.html

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

7 de setembro


Aproveitando a Semana da Pátria, deveríamos refletir sobre a diferença entre crescimento e grandeza. Tentar entender como foi que o Brasil se acostumou a querer crescer, e deixou de querer ser um grande País.

Crescer, por exemplo, é aumentar a renda nacional; ficar grande é distribuí-la. Crescer é aumentar o número de cadeias; ficar grande é não precisar delas. Crescer é ver a população aumentar, ter mais crianças nascendo a cada ano; ficar grande é tê-las na escola, fora das ruas, e ter todas as escolas – para rico ou pobre, em cidades grandes ou pequenas – com a mesma qualidade.

Crescer é ter mais automóveis nas ruas; ficar grande é ter um trânsito que flui com conforto e sem engarrafamento. Crescer é derrubar árvores para utilizar a madeira; ficar grande é produzir protegendo a natureza.

FONTE: http://www.cristovam.com.br/index.php?dia=06&mes=09&ano=2007

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Cabra-Cega e os "Anos de Chumbo"

Cabra-cega é um thriller político. A trama principal trata da relação limite de Tiago e Rosa, dois jovens militantes da luta armada, que vivem o sonho do projeto revolucionário.
Alojados num bairro tradicional de São Paulo, no belo apartamento do arquiteto Pedro, um simpatizante da causa, eles vão perdendo a razão com os acontecimentos vertiginosos e incontroláveis daqueles tempos. O pano de fundo é um Brasil amordaçado e sem liberdades democráticas.
Tiago (Leonardo Medeiros), o comandante de um "grupo de ação" de uma das organizações da ultra-esquerda brasileira, ferido à bala em uma emboscada da polícia, é obrigado a se esconder na casa de Pedro (Michel Bercovitch).
Estamos em setembro de 1971, a organização está debilitada e discute o abandono da estratégia armada. O projeto de derrubar a ditadura pela violência fracassou completamente.
Rosa (Débora Duboc), uma militante de base e filha de operário, é o contato de Tiago com o mundo, a vida, a fantasia. É também sua enfermeira.
Mateus (Jonas Bloch), o dirigente da organização, trabalha incansavelmente para salvar o que restou dos seus quadros. Pedro começa a temer pela sua segurança e passa a ter um comportamento ambíguo. Tiago cria suspeitas de que ele é um traidor.
A situação externa vai se deteriorando: a morte de Lamarca, os arrependidos, o avanço contínuo da repressão. Tiago e Rosa se entregam a uma paixão urgente.

Ps: Bom gente, apesar do contratempo do DVD...rs, espero que tenham gostado do filme. Na segunda debateremos a temática do filme e o horror dos "anos de chumbo".
Dúvidas?Postem aqui ou na comunidade do orkut.

Um forte abraço e até segunda.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Ele voltará?


O porte atlético e a postura impetuosa deram lugar a uma suposta maturidade minuciosamente ensaiada. O ritmo da voz continua o mesmo: didática e arrogante, características de sua personalidade autocrática.
Seus gestos são comedidos, sincronizados com frases de efeitos pausadamente pronunciadas. Seu olhar está sempre além da platéia, contemplando o horizonte, como se vislumbrasse um futuro que só ele é capaz de enxergar.
Conectado com o que há de mais premente na pauta da sociedade civil – reforma política-, Fernando Collor de Melo se esmera em se tornar palatável ao gosto político do eleitorado brasileiro.
Seus argumentos em prol do parlamentarismo e de uma profunda reforma política são apresentados com o lastro de modernidade, contemporaneidade e atualidade. Palavras de forte apelo positivo no imaginário ocidental.
No brilhante livro da professora Olga Tavares, intitulado Fernando Collor: O discurso Messiânico, O Clamor do Sagrado (Annablune, 1998), a produção discursiva do presidente Collor é dissecada com minúcia de análise.
Através da leitura do seu texto, percebemos que Collor, como poucos políticos brasileiros, incorporou elementos messiânicos e religiosos, encarnando – num momento de grave crise política e econômica do País-, a figura do redentor, aquele líder carismático, que iria nos redimir de todas as mazelas sociais.
Em 1989, a candidatura de Fernando Collor a Presidente da República, nasceu como uma alternativa fora do cenário político tradicional. Embalado por uma forte campanha midiática, apresentando-se como um jovem intrépido que iria “pôr um fim a corrupção” e “moralizar o serviço público” ao mesmo tempo em que acusava nossa elite de inepta, Collor propagou a alcunha de “Caçador de Marajás”, alusão aos ricos servidores públicos que estavam sendo denunciados pelos meios de comunicação.
Desde 1961 que o Brasil não escolhia o Presidente da República de forma direta e democrática. Os 21 anos de ditadura militar (1964-85), fizeram com que o exercício democrático da livre escolha ficasse obstaculizado pelas práticas autoritárias dos civis e militares quer integravam o bloco no poder.
Com o processo de redemocratização, tivemos o primeiro presidente civil em duas décadas: Tancredo Neves que, escolhido indiretamente no Congresso Nacional, morreu sem tomar posse, causando um trauma político inigualável. Seu sucessor, José Sarney, era um senador que havia apoiado o Regime Militar e, com a morte de Tancredo, herdou um país economicamente falido e politicamente frustrado.
Durante o Governo Sarney (1985-90), a corrupção generalizou-se, conspurcando a máquina pública. Enquanto isso, a inflação atingiu patamares nunca antes vistos na história do Brasil.
A sociedade brasileira sofreu um embuste em 1986, quando foi decretado o Plano Cruzado, cuja principal medida foi tabelar tarifas. Com os preços garroteados pelo governo, a popularidade de Sarney alcançou a espantosa cifra de 98%, aprovação nunca antes experimentada por qualquer presidente.
Mas o “paraíso econômico” durou pouco. Logo após as eleições para governador, quando o PMDB ganhou em todos estados, o controle de preços foi suspenso e a inflação retornou com força redobrada.
Com a queda de popularidade de José Sarney, Collor rompeu com o presidente e foi o único governador a defender um mandato presidencial de 4 anos. Sempre atento aos humores populares, Collor percebeu o desgaste que o PMDB enfrentava e saiu do partido, filiando-se no irrisório PJ (Partido da Juventude) para, logo em seguida, fundar o PRN (Partido da reconstrução Nacional), pelo qual se lançou candidato e venceu Lula no segundo turno, pois conseguiu demonizar o candidato do Partido dos Trabalhadores e aglutinar em torno de si os setores mais conservadores da sociedade.
Seu governo foi um fiasco. Prometendo combater a corrupção, demitiu milhares de funcionários públicos federais. Anunciando a modernização da economia, abriu o mercado brasileiro com tal velocidade que quebrou muitas empresas nacionais, aumentando o desemprego.
Iniciou o processo de privatizações que esfacelou núcleos estratégicos da economia. Almejando debelar a inflação, confiscou a poupança de milhões de brasileiros. Seu governo foi engolfado em denúncias de corrupção e terminou de maneira lúgubre: Fernando Collor de Melo sofreu o Impeachment em 2 de outubro de 1992.
Seu discurso atual aponta para temas extremamente relevantes para tonificar o sistema político brasileiro: profunda reforma política e defesa do parlamentarismo,. Mais uma vez Fernando Collor está à frente dos acontecimentos, dando vazão aos anseios reformistas.
Esperamos que sua aparente maturidade não seja mais uma estratégia de marketing político com o propósito de alcançar a presidência da República em 2010. Ou quem sabe 2014... Ou 2018...

P.S. Artigo do PROF. Lúcio Flávio Vasconcelos

Mestre e Dr. em História pela Universidade de São Paulo (USP). Professor do Departamento de História da UFPB. Professor do Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS) do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Atualmente é Diretor do CCHLA da UFPB

FONTE: http://www.wscom.com.br/interna.jsp?pagina=coluna&id=5529&colunista=80